Editora: Ana Laura Milhazes
Colaboradoras: Ana Carolina Simoneti, Beatriz Cernescu, Gabrielly de Araújo e Sophia Barbosa.
Proteína C reativa[]
Introdução[]
Em 1930 a proteína C reativa (PCR) ganhou de seus descobridores, Tillett e Francis, este nome pelo fato de reagir contra a cápsula de uma bactéria, o Pneumococcus. A PCR é uma proteína plasmática que atua como um marcador inespecífico de diversos contextos inflamatórios, sejam eles de pequeno ou grande porte.
Ela é sintetizada pelos hepatócitos no fígado em resposta ao estímulo principalmente da Interleucina-6 (IL-6), mas também sofre influências dos níveis de fator de necrose tumoral α e de Interleucina-1B (IL-1B). Sua atividade no sistema imune se dá pela sua ação opsonizadora (as células fagocíticas tem receptores para a PCR que se liga ao patógeno), além de ativar o sistema complemento pela via alternativa.
A concentração sérica da PCR em pessoas sadias é de aproximadamente 0,8 mg/L (0,3-1,7 mg/L). Pode ser detectada no sangue em 4 a 6 horas após o estímulo e a sua concentração dobra em aproximadamente 8 horas, com o pico sérico entre 36 e 50 horas.
Contexto Clínico[]
A dosagem de PCR foi utilizada inicialmente pelos reumatologistas, mas com o passar dos anos, ao descobrir-se que ela está relacionada a quase todos os estímulos inflamatórios, como infecções, câncer, traumas e “reumatismos”, tornou-se de utilização ampla e disseminada no meio médico.
A PCR é solicitada pelos médicos em diversas situações, como quando se quer saber da presença de uma inflamação ou a evolução desta inflamação, pois mesmo quando o diagnóstico já está definido, a PCR serve para monitorar se há melhora ou piora progressiva da condição que causou sua elevação.
Apesar de muito sensível, este exame é largamente inespecífico. Como já mencionado, qualquer processo inflamatório pode elevar este exame. Assim, o médico não deve deixar de lado a análise da história do paciente, o exame físico e outros exames como o hemograma e ensaios bacteriológicos, para que se possa chegar uma conclusão.
As três principais indicações da PCR são:
· Doenças auto-imune, como artrite reumatoide e lúpus, que provocam reações imunes contra os antígenos do próprio indivíduo, portanto também desencadeiam processos inflamatórios.
· Quadros extremos de processos infecciosos como a sepse, que se caracteriza por uma inflamação generalizada. Nesse caso a PCR auxilia no monitoramento da evolução da infecção, e pode ainda ser um indicativo do prognóstico.
· Risco cardíaco (infarto agudo do miocárdio, AVC, tromboses arteriais), pois mesmo a discreta inflamação nas artérias durante o processo de aterosclerose (formação das placas de ateroma), a concentração da PCR no sangue muda.
Teste para detecção de proteína C reativa - prova de aglutinação em placa com partícula de látex)[]
(técnica simplificada)
Material:
- Amostra biológica (soro)- Reagente de látex
- Espátulas
- Placa
- Pipeta
- Ponteira
- Papel toalha
- Controle +(positivo) e controle – (negativo)
Métodos:
- Pingar uma gota do controle + (positivo) e do controle – (negativo) na partícula.
- Pingar uma gota de soro a ser testado.
- Adicionar uma gota de reagente látex homogeneizado e misturar com as amostras.
- Fazer movimentos rotatórios com a placa e observar se há aglutinação.
Leitura:
- Reação positiva: nítida aglutinação – indica presença de PCR em concentrações acima de 6 mg/L .
- Reação negativa: ausência de aglutinação – indica concentração de PCR inferior a 6 mg/L.
A prática de proteína C (ensaio qualitativo), realizada durante as aulas de imunologia possibilito
u um melhor entendimento de algumas questões relacionadas à técnica:
· O poliestireno (reagente de látex) é usado como uma estrutura suporte, que tem carga negativa e se liga a porção Fc dos anticorpos anti PCR (que é a mais positiva), deixando a porção Fab livre para se ligar à PCR.
· A característica de especificidade dos anticorpos anti PCR, que estão presentes na superfície das micropartículas de poliestireno garante a formação dos imunecomplexos, que irão precipitar. O poliestireno possibilita a visualização dessa formação a olho nu.
· Essa técnica é utilizada para reconhecer a presença de mais de 6mg/L de proteína C reativa, e não tem a capacidade de quantificar, que só se obtém através de outro processo, a turbidimetria.
Links Externos[]
- http://www.youtube.com/watch?v=RQNKPr3PTRI
- http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442007000200003
Referências[]
1. SILVA, Alexandre R. V.; Machado, Fábio S. “Procalcitonina e Proteína C Reativa como Indicadores de Sepse”. Revista Brasileira Terapia Intensiva, Volume 17. Número 3. Julho/Setembro 2005.
2.ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunonologia celular e molecular, 7a edição, Elsevier 2011.
3. MILHAZES, Ana Laura, Anotações em sala da disciplina de Imunologia, UNIVILLE 2013.
4. CERNESCU, Beatriz, Anotações em sala da disciplina de Imunologia, UNIVILLE 2013.