Editora: Maria Eduarda Kostecki
Colaboradoras: Ana Gabriella Tessarollo e Thais Yuri Miura
Aspectos Etiológicos[]
A Mononucleose Infecciosa (MI) é uma doença causada pelo Epstein-Barr vírus (EBV) e acomete pessoas principalmente de 10 a 35 anos. É uma doença de baixa letalidade e com manifestações benignas.
O vírus Epstein-Barr (EBV) é membro da família Herpesviridae. A partir da infecção, o vírus não é mais eliminado do organismo, tornando-se latente.
A partícula viral infecciosa do EBV tem três componentes: nucleoide, capsídeo e envelope. O núcleo contém o DNA viral em formato linear e um nucleocapsídeo com 162 capsômeros. O genoma do EBV é uma molécula de DNA de fita dupla.
O EBV é comumente transmitido pela saliva infectada e inicia a infecção pela orofaringe (por tal aspecto, a MI é conhecida como a doença do beijo). A replicação do vírus ocorre nas células epiteliais (ou na superfície dos linfócitos B) da faringe e nas glândulas salivares. Em indivíduos normais, a maioria das células infectadas pelo vírus são eliminadas, porém um pequeno número de linfócitos infectados persiste pela vida toda do hospedeiro.
O mecanismo de entrada do EBV em outros tipos de células - por exemplo, os linfócitos, as células da mucosa gástrica, as musculares lisas e outras - também pode ocorrer através do contato direto com as células B.
A infecção do epitélio leva à replicação do agente etiológico, com a liberação de grandes quantidades de partículas virais. Os linfócitos B podem permanecer latentes, infectando a orofaringe; se ocorrer reativação viral e replicação é possível ocorrer lise e morte celular, contribuindo para a eliminação do vírus na saliva.
A transmissão por contato menos íntimo é menos comum. Sua presença nas secreções do trato genital de ambos os sexos, juntamente com relatos de úlceras genitais em pacientes com MI, implica que o EBV possa ser sexualmente transmissível. A transmissão vertical parece ser incomum. Já se documentou a transmissão do agente etiológico por transfusão sanguínea e transplante de medula óssea, porém é raro.
As infecções primárias em crianças são geralmente subclínicas, mas se ocorrerem em adultos jovens, frequentemente a MI irá se desenvolver.
A MI não é tão contagiosa quanto se costuma crer. É raro que os membros da família de um paciente, companheiros do mesmo sexo, e outras pessoas próximas desenvolvam sintomas de MI.
Normalmente, a enfermidade ocorre apenas uma vez na vida de um indivíduo, apesar da descrição de casos de recorrência.
O EBV não causa epidemias. O período de incubação é de quatro a seis semanas, podendo se alongar por vários meses em algumas circunstâncias.
Manifestações clínicas[]
Depois de um período de incubação de 30 a 50 dias, surgem sintomas como febre, cefaléia, mal estar, fadiga, odinofagia, faringite, artralgias, adenopatia cervical posterior simétrica, hepatoesplenomegalia discretas, erupção cutânea no tronco, exudato oral e faríngeo.
A doença típica é autolimitada e em indivíduos normais melhora em 2 a 4 semanas.
Durante a doença verifica-se um aumento no número de leucócitos circulantes, com predomínio de linfócitos.
As complicações são raras e ocorrem mais em indivíduos imunocomprometidos. Pode ocorrer anemia hemolítica, trombocitopenia, granulocitopenia, meningite, neurite óptica e retrobulbar, neuropatia do plexo braquial e Guillain Barré (polirradiculoneurite).
Diagnóstico[]
Além da avaliação clínica convém confirmar o diagnóstico através de métodos laboratoriais. Os achados indicam linfocitose e presença de linfócitos atípicos, anticorpos heterófilos e anticorpos contra antígenos virais. O método PCR e análise por sonda de DNA para pesquisar o genoma viral e identificação por imunofluorescência de antígenos virais são utilizadas para detectar evidências de infecção.
Tratamento[]
Não há fármaco antiviral específico que atue adequadamente na terapêutica da MI. A enfermidade evolui para a resolução clínica em um a dois meses − recuperação habitual em duas a quatro semanas – e, mais raramente, após 120 dias. Nesse período, os mecanismos imunológicos passam a controlar a proliferação de linfócitos B determinada pelo EBV, de modo que o vírus entra em um período duradouro de latência. A maioria dos doentes com MI aguda não complicada exige apenas terapia sintomática.
Prevenção[]
Não existem vacinas ou medidas específicas para a prevenção dessa doença. Os princípios de higiene e os cuidados no trato com os doentes ainda é a melhor conduta.
Referências bibliográficas[]
KOSTECKI, M. E. Anotações da aula da Disciplina de Microbiologia e Parasitologia. UNIVILLE. 26/09/2013
MURRAY, P. R; ROSENTHAL, K. S; PFALLER, M. A; Microbiologia Médica. Editora: Elsevier, Rio de Janeiro, 2006
JAWETZ, E., MELNICK, A. and ADELBERG, E. A. Microbiologia Médica, 21a ed., ed. Guanabara - Koogan, 2000