Editor:Giórgio C. Tondello
Colaboradores: Lucas Andrei Muehlbauer, Kurt Neulaender Neto, Carlos Ehrl, Tiago Vasconcelos Xavier e Rafael de Geus Koerber
Introdução[]
->O pâncreas, além de suas funções digestivas, secreta 2 hormônios importantes, insulina e glucagon, que são muito importantes para para a regulação normal do metabolismo da glicose,lipídeos e proteínas.
Anatomia e Fisiologia do Pâncreas[]
- O pâncreas é formado por 2 tipos principais de tecidos, (1) os ácinos, que secretam o suco digestivo no duodeno, e (2) as ilhotas de langerhans, que secretam a insulina e o glucagon direto no sangue.
- As ilhotas contêm três tipos de celulares principais, as células alfa,beta e delta, que se distinguem entre si devido as suas características morfológicas e de coloração.
- Células Beta: Constituem aproximadamente 60% de todas as células das ilhotas e são responsáveis por secretar insulina e amilina.
- Células Alfa: São cerca de 25% do total e secretam o glucagon.
- Células Delta: Aproximadamente 10% do total. secretam Somatostatina.
Efeito da Insulina sobre o Metabolismo dos Carboidratos[]
-> Imediatamente após uma rica refeição em carboidratos, a glicose que é absorvida para o sangue causa uma secreção rápida de insulina,que é discutida em detalhes posteriormente. A insulina, por sua vez, causa pronta captação, armazenamento e utilização da glicose por quase todos os tecidos do organismo, mas especialmente pelos músculos, tecido adiposo e fígado.
- Captação e Metabolismo da Glicose nos Músculos
->Sob duas condições os músculos usam grandes quantidades de glicose:
(1) "Durante a realização de exercícios moderados ou intensos". Este emprego da glicose não precisa de grandes quantidades de insulina, por que as fibras musculares em exercício tornan-se mais permeáveis a glicose, mesmo na ausência de insulina devido ao próprio processo de contração muscular.
(2) "Nas poucas horas seguintes a uma refeição". Neste período, a concentração de glicose no sangue esta bastante elevada e o Pâncreas está secretando grandes quantidades de insulina. Esta insulina adicional provoca um transporte rápido da glicose para dentro das células musculares.
- Armazenamento de Glicogênio no Músculo
-> Se os músculos não estiverem se exercitando depois de uma refeição e ainda assim a glicose for transportada abundantemente para as células musculares, então a maior parte da glicose é armazenada na forma de glicogênio muscular, em vez de ser utilizada como energia. O glicogênio pode ser usado posteriormente como energia pelo músculo.
- A insulina promove a Captação, Armazenamento e Utilização da Glicose Hepática
-> Um dos mais importantes efeitos da insulina é fazer com que a maioria da glicose absorvida após uma refeição seja armazenada quase que imediatamente no fígado sob forma de glicogênio.
-> Então, entre as refeições, quando o alimento não está disponível a concentração de glicose sanguinea começa a cair, a secreção de insulina diminui rapidamente e o glicogênio hepático é novamente convertido em glicose, que é liberada de volta ao sangue, para impedir que a concentração da glicose caia a níveis muito baixos.
- Mecanismo pelo qual a insulina provoca a captação e armazenamento de glicose no fígado
(1) A insulina inativa a fosforilase hepática, a principal enzima que leva à quebra do glicogênio hepático em glicose, Isto impede a ruptura do glicogênio que foi armazenado nas células hepáticas.
(2) A insulina causa um aumento da captação de glicose do sangue pelas células hepáticas através do aumento da atividade da enzima glicoquinase, que provoca a fosforilação inicial da glicose.
- (3) A insulina também aumenta as atividades das enzimas que promovem a síntese de glicogênio ( glicogênio sintase)
- O efeito global de todas estas ações é aumentar a quantidade de glicogênio no fígado.
- A glicose é Liberada do Fígado entre as Refeições
-> Quando o nível de glicose no sangue começa a baixar entre as refeições, ocorrem diversos eventos que fazem com que o fígado libere a glicose de volta para o sangue circulante:
(1) A redução da glicose sérica faz com que o pâncreas reduza sua secreção de insulina
(2) A ausência de insulina então reverte todos os efeitos relacionados anteriormente para o armazenamento de glicogênio, interrompendo a síntese de glicogênio no fígado e impedindo a captação adicional da glicose pelo fígado a partir do sangue.
(3) A ausência de insulina (Juntamente com o aumento do glucagon) ativa a enzima fosforilase, que causa a clivagem do glicogênio em glicose fosfato.
(4) A enzima glicose fosfatase, que foi inibida pela insulina, torna-se ativada pela ausência de insulina e faz com que o radical fosfato seja retirado da glicose; isto possibilita a difuão da glicose livre de volta para o sangue.
- Assim, o fígado remove a glicose do sangue quando está presente em quantidade excessiva após uma refeição e devolve para o sangue quando a concentração de glicose sanguinea diminui entre as refeições.
- A Insulina promove a Conversão do Excesso de Glicose em Ac. Graxos.
-> Quando a quantidade de glicose que penetra nas células hepáticas é maior da que pode ser armazenada sob forma de glicogênio ou da que pode ser utilizada para o metabolismo local dos hepatócitos, a insulina promove a conversão de todo esse excesso de glicose em acidos graxos. Estes ácidos graxos são subsequentemente empacotados sob forma de triglicerídeos em lipoproteínas. ENTÃO, A INSULINA "AUMENTA" A LIPOGÊNESE!
-> A insulina também INIBE A GLICONEOGÊNESE. Isto ocorre principalmente por meio da redução das quantidades e atividades que as enzimas hepáticas precisam para a gliconeogênese.
Efeito da Insulina no Metabolismo das Gorduras[]
- A insulina promove a Síntese e o Armazenamento das Gorduras
-> A insulina apresenta diversos efeitos que levam ao armazenamento das gorduras no tecido adiposo. Em primeiro lugar, a insulina aumenta a utilização da glicose pela maioria dos tecidos do corpo, o que automaticamente reduz a utilização de gorduras. Entretanto, a insulina também promove a síntese de ácidos graxos. Quase toda a síntese ocorre nas células hepáticas, e os ácidos graxos são então transportados do fígado através das lipoproteínas séricas para serem armazenadas nas células adiposas.
- Fatores que levam a um aumento da síntese dos Ac. Graxos no fígado:
- A insulina aumenta o transporte da glicose para dentro das células hepáticas
- O ciclo do ácido cítrico produz uma quantidade excessiva de íons citrato e íons isocitrato quando uma quantidade também excessiva de glicose está sendo utilizada como fonte de energia.
- A maior parte dos ácidos graxos é então sintetizada dentro fígado e utilizada para formar triglicerídeos.
- O papel da Insulina no Armazenamento das Gorduras nas Células Adiposas
- A insulina inibe a ação da lipase hormônio-sensível ( Consequentemente, a liberação dos ácidos graxos do tecido adiposo para o sangue circulante é inibida)
- A insulina promove o transporte da glicose através da membrana celular para as células adiposas ( Exatamente da mesma maneira que promove o transporte da glicose para dentro nas células musculares.
- A deficiência de Insulina aumenta o Uso das Gorduras como Fonte de Energia
-> Todos os aspectos da lipólise e de seu uso como fonte de energia estão muito aumentados na ausência de insulina. Isto ocorre mesmo normalmente entre as refeições, quando a secreção de insulina é mínima, mas se torna extrema ni diabetes melito, quando a secreção de insulina é quase zero.
-> A Deficiência de insulina causa lipólise das Gorduras armazenadas e Liberação de Ácidos Graxos livres. O efeito mais importante é que a enzima lipase hormônio-sensível nas células adiposas torna-se intensamente ativada. Consequentemente, a concentração plasmática dos ácidos graxos livres torna-se então o principal subtrato de energia utilizado essencialmente por todos os tecidos do organismo, com exceção do cérebro.
-> A deficiência de Insulina aumenta as concentrações de colesterol e fosfolipídeos plasmáticos.
-> A utilização excessiva das gorduras durante a falta de insulina causa Cetose e Acidose. A ausência de insulina também forma quantidades excessivas de ácido acetoacético nas células hepáticas. Isto ocorre em consequência do seguinte efeito: na ausência de insulina, mas na presença de grandes quantidades de ácidos graxos nas células hepáticas, o mecanismo de transporte da carnitina para levar os ácidos graxos para as mitocôndrias torna-se cada vez mais ativado.
Efeito da Insulina no Metabolismo das Proteínas e no Crescimento[]
- A insulina estimula o transporte de muitos aminoácidos para dentro das células. Assim, a insulina divide com o hormônio do crescimento a capacidade de aumentar a captação de aminoácidos dentro das células.
- A insulina aumenta os processos de tradução do RNA, formando desta maneira, novas proteínas.
- A insulina também aumenta ( em um intervalo maior de tempo ) a taxa de transcrição de sequências genéticas selecionadas de DNA no núcleo celular, formando assim quantidades aumentadas de RNA e uma síntese ainda maior de proteínas.
- A insulina inibe o catabolismo das proteínas, reduzindo assim a taxa de liberação de aminoácidos a partir das células, especialmente das células musculares.
- No fígado, a insulina deprime a taxa de gliconeogênese. Isto ocorre por meio da redução da atividade das enzimas que promovem a gliconeogênese.
- EM RESUMO: A insulina promove a formação de proteínas e impede sua degradação.
- A ausência de Insulina causa Depleção de Proteínas e Aumento dos Aminoácidos plasmáticos.
-> Praticamente toda reserva de proteínas é suspensa quando não há disponibilidade de insulina. O consumo de proteínas resultante é um dos efeitos mais graves do Diabetes Melito; pode levar a uma fraqueza extrema, assim como á alteração de diversas funções dos órgãos.
- A insulina e o GH Interagem de Modo Sinérgico para Promover o Crescimento.
-> Como a insulina é necessária para a síntese de proteínas, é também essencial para o crescimento de um animal, assim como o hormônio do crescimento.
- Gráfico : Efeito do hormônio do crescimento, da insulina, e do hormônio do crescimento juntamente com a insulina sobre o crescimento num rato pancreatectomizado e hipofisectomizado. O gráfico mostra um crescimento quando o GH e a insulina são usados concomitante mente, e seu baixo efeito quando são usados separadamente.
Mecanismos da Secreção de Insulina[]
* A figura mostra os mecanismos celulares básicos para a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas em resporta ao aumento da concentração da glicose sanguinea, que é o controlador primário de secreção de insulina.
Controle da secreção de Insulina[]
- O aumento da glicose sanguinea estimula a secreção de insulina
-> Se a concentração de glicose no sangue for subitamente aumentada para um nível duas ou três vezes o valor normal, e a partir dai se mantiver neste nível elevado, a secreção de insulina aumentará acentuadamente em dois estágios.
- A concentração de insulina plasmática aumenta quase 10x dentro de 3 a 5 minutos depois da elevação aguda da glicose no sangue; isto é uma consequência da liberação imediata da insulina pré-formada a partir das células beta das ilhotas de langerhans. A secreção não é mantida e em torno de 5 a 10 minutos a concentração de insulina diminui em torno da metade do nível inicial.
- Por volta dos 15 minutos, a secreção da insulina aumenta pela segunda vez e atingê um novo platô depois de 2 a 3 horas. Esta secreção resulta tanto de uma liberação adicional da insulina pré-formada como da ativação do sistema enzimatico que sintetiza e libera nova insulina a partir das células.
- Aumento da concentração de insulina plasmática após um aumento subito da glicose sérica de duas a três vezes a faixa normal. Observe um aumento iniciál rápido na concentração de insulina e então um aumento tardio e continuado na concentração começando de 15 a 20 minutos mais tarde.
- Mecanismo de Feedback entra a concentração de Glicose sanguínea e a taxa de secreção de insulina
-> Com um aumento da glicose sérica acima de 100mg/100ml de sangue, a taxa de secreção da insulina aumenta rapidamente, atingindo um pico entre 10 e 25 vezes o nível basal com concentrações de glicose entre 400 e 600 mg/100ml. como mostrado no gráfico abaxio. Deste modo, o aumento na secreção da insulina sob estímulo da glicose é dramático, tanto na sua velocidade como no grau de elevação do nível de secreção atingidos.
* Secreção de insulina aproximada em diferentes níveis plasmáticos de glicose.
-> Esta resposta da secreção de insulina a uma aumentada concentração de glicose sérica fornece um mecanismo de feedback extremamente importante para a regulação da glicose sanguínea. Ou seja, qualquer elevação na glicose sanguínea aumenta a secreção de insulina, e a insulina por sua vez, aumenta o transporte da glicose para o fígado, para os músculos e para outras células, reduzindo a concentração sérica da glicose de volta para o seu valor normal.
GLUCAGON E SUAS FUNÇÕES[]
- É um hormônio secretado pelas células alfa das ilhotas de Langerhans quando a concentração da glicose sanguínea cai.
- Tem efeitos completamente opostos ao da insulina.
- Os principais efeitos do Glucagon sobre o metabolismo da glicose são (1) a quebra do glicogênio hepático (glicogenólise) e (2) o aumento da gliconeogênese no fígado. Esses dois efeitos aumentam enormemente a disponibilidade da glicose para os outros órgãos do organismo.
Regulação e Secreção De Glucagon[]
-> A concentração de glicose sanguínea é, de longe, o fator mais pontente que controla a secreção de glucagon. Assim, na hipoglicemia, o glucagon é secretado em grandes quantidades, e então aumenta enormemente o débito hepático de glicose, realizando assim a impornte função de corrigir a hipoglicemia.
-> Concentrações elevadas de aminoácidos, como ocorre no sangue depois de uma refeição de proteínas, estimulam a produção de glucagon. A importância da estimulação da secreção do glucagon pelo aminoácidos é que o glucagon converte rapidamente aminoácidos em glicose, disponibilizando ainda mais glicose para os tecidos.
-> Em exercícios exaustivos, a concentração sérica do glucagon aumenta de 4 a 5 vezes. Não se sabe ao certo o que promove esse aumento, por que a concentração de glicose sanguínea não cai obrigatoriamente.
-> SOMATOSTATINA INIBE A SECREÇÃO DE GLUCAGON E DE INSULINA: As células delta das ilhotas de Langerhans secretam o hormônio Somatostatina. Foi sugerido que o principal papel da somatostatina é prolongar o período de tempo que os nutrientes alimentares são assimilados no sangue.
(1) A somatostaina age localmente dentro das próprias ilhotas de Langerhans, para deprimir a secreção tanto de insulina como de glucagon.
(2) A somatostatina diminui a motilidade do estômago, do duodeno e da visicula biliar.
(3) A somatostatina diminui tanto a secreção como a absorção no TGI.
IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO DA GLICOSE SANGUÍNEA[]
-> A glicose é o único nutriente que pode ser utilizado normalmente pelo cérebro, retina, e epitélio germinativo das gônadas em quantidades suficientes para supri-los com a energia requerida de modo ideal. Consequentemente, isso é importante para manter a concentração de glicose sanguínea num nível suficientemente elevado para fornecer sua nutrição necessária.
OBS: DIABETES SERÁ FEITO EM OUTRO LINK
Link Externo[]
http://www.youtube.com/watch?v=E78NsX75Qgo (Diabetes e a ação da insulina sobre a glicose )
http://www.youtube.com/watch?v=m_BJWFVQWJI ( Como o mecanismo de insulina funciona )
http://www.andrevianna.med.br/pesquisadores-descobrem-um-potencial-avanco-para-a-cura-do-diabetes-tipo-1-researchers-uncover-potential-breakthrough-cure-for-type-1-diabetes/ ( Potencial avanço para a cura do Diabetes Tipo 1 )
Referências[]
TONDELLO, Giórgio C. Anotações da aula da Disciplina de Fisiologia. UNIVILLE. 31/07/2013.
CONSTANZO, Linda S. Fisiologia. Guanabara Koogan, 4ª edição, RIO DE JANEIRO, 2008.
HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de Fisiologia Médica. Elsevier, 12ª edição, RIO DE JANEIRO, 2011