Wiki AIA 13-17
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Editora: Beatriz Cernescu

Colaboradoras: Ana Carolina Simoneti, Ana Laura Milhazes, Gabrielly de Araujo e Sophia Brabosa

INTRODUÇÃO[]

FAN é um exame laboratorial para a pesquisa de anticorpos antinucleares no sangue.

A pesquisa do fator antinuclear (FAN) é elemento indispensável em caso de suspeita clínica de doenças auto-imunes, em especial do grupo das colagenoses/patologias de caráter reumático, que são:


  • Lupus Eritematoso
  • Artrite Reumatoide
  • Esclerodermia
  • Dermatomiosite
  • Síndrome de Sjogren
  • Síndrome Mista e de Sobreposição  


Um FAN positivo não significa necessariamente a presença de colagenose. Pode significar uma característica familiar, com probabilidade ou não de o portador vir a desenvolver determinada colagenose frente a estímulos

variados ao longo dos anos, até a real presença de doença auto-imune ou mesmo seu prognóstico. É possível ainda que haja ocorrência de FAN positivo em parcela da população normal (ainda não se sabe o porquê, mas é conhecida sua positividade em títulos de diluição menores que 1/160 na população sadia, principalmente acima dos 60 anos; não tendo nenhum significado patológico, ocorrendo independente da raça), e também na presença de algumas doenças crônicas, como cirrose biliar, por exemplo, e em infecções virais agudas.

Toda essa variabilidade em sua interpretação deve-se a especificidade variável decorrente da multiplicidade de elementos intranucleares, nucleolares e intracitoplasmáticos, potencialmente capazes de se comportar como antígenos frente a condições diversas, e nem sempre essa antigenicidade se traduz em doença. Assim, o conceito de que FAN positivo é sinônimo de colagenose deve ser avaliado com mais rigor, e sempre correlacionando-o com a clínica, além dos antecedentes familiares.

FISIOPATOGENIA []

O evento inicial para análise é a apoptose celular. Essa morte programada ocorre principalmente em queratinócitos, células circulantes e endoteliais.

Após a apoptose, elementos, tanto do núcleo, quanto do citoplasma celular ficam expostos, e células imunocompetentes iniciam a formação de anticorpos contra determinadas proteínas citoplasmáticas ou nucleares, que passam a receber diversas denominações, dependendo da estrutura reativa antigênica:  anticorpos anti- ribonucleoproteínas (RNP), anticorpos contra o DNA, anticorpos contra a histona,... Esse imunecomplexos se depositam em diferentes tecidos e órgãos, desencadeiam a ação do Sistema Complemento e, conseqüentemente, levam a inflamação e disfunção do órgão.

O FAN é marcador de doenças órgão-inespecíficas, sendo que a identificação da patologia depende do padrão apresentado pelo teste (mostrado mais adiante) e, principalmente, pela clínica do paciente.

MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO

Essa pesquisa laboratorial é realizada através da técnica de imunofluorescência indireta. Os substratos utilizados são células humanas de tumor de laringe (HEP II), pois têm um núcleo grande e seus componentes estão facilmente expostos, além de serem resistentes ao cultivo in vitro, e terem alta sensibilidade, com baixíssima propensão a falsos-negativos.

Os anticorpos pesquisados são da classe IgG (principal), IgM e IgA.

As células HEP II são cultivadas sobre laminas de vidros. Para fixá-las nessas laminas, usa-se etanol gelado que, além de permitir uma maior fixação, aumenta a permeabilidade da membrana, favorecendo a penetração de auto-anticorpos na mesma.

Uma mesma lâmina é dividida em vários “círculos”, sobre os quais encontram-se as células HEP II, e sobre estas serão colocados soros de vários pacientes para análise. Inicialmente, esse soro encontra-se diluído na proporção de 1:40 (abaixo desse título, daria positivo para todos, pois mesmo indivíduos saudáveis possuem auto anticorpos em seus organismos). Faz-se uma triagem inicial (cerca de 30 minutos) para identificar em quais soros houve a formação de um imunecomplexo. Após essa identificação, deve-se lavar a lâmina para retirar aquilo que não foi fixado. Aí então, para analisar esse imunecomplexo formado, adiciona-se uma anti-IgG que está marcada em sua porção Fc pela fuoresceína. A fluoresceína, quando obversada ao microscópido, fica excitada e emite fótons de luz, apresentando uma coloração verde-maçã. A partir desses fótons é possível a identificação do padrão do FAN e, em associação com a clínica do paciente, fecha-se o diagnóstico.

PADRÕES NUCLEARES E CITOPLASMÁTICOS[]

  • Nuclear homogêneo: não é possível distinguir a área de nucléolo. (“a célula é toda pintada de maneira uniforme”). Os auto-anticorpos são de dois tipos principais: anticorpo anti-DNA e anticorpo anti-histona. Principais hipóteses clínicas:                                                                                                                   - anticorpo anti-DNA: Lúpus Eritematoso Sistêmico

          - anticorpo anti-histona: Lúpus Eritematoso Sistêmico induzido por fármacos. (ex: carbamazepina,                    hidralazina,..)


Pontilhado grosso

padrao pontilhado grosso

  •              Nuclear pontilhado grosso: nucleoplasma com grânulos de aspecto grosseiro. Auto-anticorpos: anticorpo anti-Sm e anticorpo anti-RNP.

            Principais hipóteses clínicas:

         - anticorpo anti-Sm: Lúpus Eritematoso Sistêmico

         - anticorpo anti-RNP: Doença Mista do Tecido Conjuntivo

          Obs: se há aparecimento equivalente dos dois tipos de anticorpos, em cerca de 35% dos casos tem-se Lúpus Eritematoso Sistêmico.

    Pontilhado fino homo

    padrao pontilhado fino, tendendo a homogeneo


                Nuclear pontilhado fino: nucleoplasma com granulação fina. Auto-anticorpos: anticorpo anti SSA/Ro e anticorpo anti SSB/La. Principais hipóteses clínicas:                                                                                                                                                                                   anticorpo anti-SSA/Ro: Síndrome de Sjogren Primária

          anticorpo anti-SSB/La: Síndrome de Sjogren Primária


  •             Nucleolar pontilhado centromérico: nucleoplasma da célula em interfase apresenta-se pontilhado (“céu estrelado”). 

    ​              Auto-anticorpos: anticorpo anti-centrômero (proteínas A, B e C)                                              


  •            Principal hipótese clínica: Síndrome de Crest – forma branda da Esclerose Sistêmica Progressiva.

  • Padrao centromerico

    padrao centromerico

              Nucleolar pontilhado pleomórfico: misto de pontilhados com grânulos grossos e finos. Típico de PCNA (Proliferating Cell Nuclear Antigen). 

                   Auto-anticorpos: anticorpo contra núcleo de células em proliferação.    

    ​               Principal hipótese clínica: Lúpus Eritematoso Sistêmico

     CONCLUSÃO[]

  • O FAN é, sem dúvidas, o mais importante exame para diagnóstico das colagenoses, porém deve estar sempre correlacionado com a clínica; 
  • Sua presença isolada não tem significado patológico, embora tenha, sim, um valor preditivo de maior possibilidade de o indivíduo vir a desenvolver uma colagenose ao longo dos anos;
  •  Sua negatividade também não pode ser conclusiva da ausência de colagenose; 
  • A pesquisa do FAN, assim como sua interpretação, é dinâmica, podendo ter positividade e característica variável ao longo do tempo; 
  • Técnicas laboratoriais mais refinadas vêm apurando sua pesquisa e tornando sua interpretação cada vez mais precisa, sendo um elemento laboratorial imprescindível como suporte para um melhor diagnóstico clínico das colagenoses.         

    REFERENCIAS

  • 1. ROITT, Ivan M.; BROSTOFF Jonathan; MALE David K. Imunologia. BR, SP, Manole Ltda. 1999         
  • 2. CERNESCU, Beatriz. Anotações da aula da Disciplina de Imunologia. UNIVILLE. 28/10/2013   
  • 3. Hemagen - Diagnóstico Laboratorial de auto-imunidade. Disponível em: www.hemagen.com.br






    LINKS EXTERNOS

     1. http://www.hemagen.com.br/imuno_humana.php

     2. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042007000100003&lang=pt

    3. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042009000200002&lang=pt   


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