Wiki AIA 13-17
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Editora: Renata Dal Bó Mazzuco

Colaboradores: Ana Santin, Jessé Lana, Leandro Rosin, Nicolas Dominico

Princípios Comportamentais

Psicologia comportamental = behaviorismo

Existem várias abordagens de tratamento sob este nome, mas todas respeitam hipóteses fundamentais. A primeira é que o comportamento é determinado por leis identificáveis (que não são criadas, são descobertas). A segunda hipótese é que o comportamento é principalmente aprendido, e que pode ser desaprendido e modificado. A terceira hipótese é que tanto o comportamento público quanto o privado (pensamentos) são influenciados pelas mesmas leis básicas, as cognições (o conhecimento) individuais são controladas por contingências (eventualidades), da mesma maneira que o comportamento público é controlado.

Há três maneiras principais que adquirimos comportamentos:

            1)Condicionamento Clássico (Pavlov)

            2)Condicionamento Operante (Skinner)

            3)Modelagem

Condicionamento clássico Pavlov

ENC -Estímulos não aprendidos (inato) ou estímulos não condicionados

RNC -Respostas não aprendidas (inato) ou respostas não condicionadas

EC- Estímulos aprendidos ou estímulos condicionados

RC- Respostas aprendidas ou respostas condicionadas

O cachorro salivava ao receber o alimento, a salivação referida é a do processo digestivo.

Alimento – ENC

Salivação (resposta fisiológica a presença do alimento) – RNC

Com o passar do tempo, o cachorro salivava ao ver o assistente (que trazia o alimento) ou com qualquer som ou luz que estivesse associado ao alimento:

Assistente, som ou luzes associadas ao alimento- EC

Salivação (resposta a presença do EC) – RC

CãesdePavlov

Infográfico do Cão de Pavlov Fonte: http://herdeirodeaecio.blogspot.com.br/2009/10/os-caes-de-pavlov.html

Quando queremos aumentar a probabilidade de ocorrência de uma resposta, utilizamos o reforço. Quando queremos eliminar uma resposta, utilizamos o mecanismo de extinção. A extinção de um comportamento ocorre mediante a ausencia do reforço. Na medida em que uma resposta não é mais reforçada, ela tende a deixar de ocorrer.

Outras formas de comportamento humano mais complexas obedecem essa lei, como a excitação ou desânimo do aluno quando o professor está entregando provas para a turma.


Condicionamento Operante (Skinner)
Skinner 2011

Burrhus Frederic Skinner Fonte: http://skinnercafeeufgd.blogspot.com.br/2012/04/coletanea-de-frases-famosas-de-b-f.html

Skinner seguiu a teoria comportamental de Watson. Watson usou seu conhecimento no campo da publicidade, aplicando sua teoria com intenção de controlar o comportamento humano com finalidade mercantil. Skinner, diferente de Watson, direcionou sua vida para o desenvolvimento da teoria behaviorista.

O condicionamento operante aborda o comportamento voluntário.

Antes de entender o comportamento operante temos que entender o reforço: é a consequencia de um comportamento, que aumenta a probabilidade de repetição do comportamento, ou resposta-consequencia. Existe dois tipos de reforço: positivo e negativo.

Reforço positivo é a recompensa (dinheiro, comida, prêmio, atenção, sorriso ou prazer).

Reforço negativo envolve o término ou evitar um estímulo negativo (castigo, dor) que desperta no indivíduo a vontade de não repetir o comportamento. Não é o mesmo que punição.

Por exemplo, o comportamento de estudar poderá ser mantido com grande probabilidade de ocorrência se o aluno obtiver boas notas. As boas notas servem como reforço positivo para o comportamento de estudar.

Um exemplo de reforço negativo é quando a pessoa está numa siuação desagradável, como uma pedra no sapato. O comportamento de retirar a pedra elimina o estímulo aversivo, e esse comportamento tenderá a se repetir sempre que esse incômodo se apresentar.

Devido a complexidade dos seres humanos, nunca teremos certeza sobre o que será reforçador e o que não será. O reforço depende de quem o recebe.

Se escolhessemos um comportamento pouco provável (uma criança envesga os olhos) e reforçássemos positivamente quando ele ocorresse (rir), poderíamos aumentar a probabilidade dele acontecer, e assim o veríamos com mais frequencia. Quando o comportamento se torna mais provável naquela circunstancia, dizemos que ele está condicionado, ou aprendido. Comportamentos não reforçados tendem a diminuir a probabilidade da sua ocorrência.

A reversão de um comportamento operantemente condicionado se chama extinção, que é feita através da extinção do reforço.


Modelagem

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A Odontopediatra utiliza recursos como bonecos e bichos de pelúcia, para apresentar à criança alguns instrumentais e procedimentos realizados no consultório e condicioná-las para futuros procedimentos. Fonte: http://www.sorriacomocrianca.com.br/2012/10/05/1247/

É o processo de aprendizagem através da imitação. Utilizamos esse método diariamente para adquirir habilidades. Quando vemos uma pessoa apresentar um comportamento efetivo ou reforçador para ela, provavelmente experimentaremos nós próprios aquele comportamento.

Esse processo enfatiza as percepções e pensamentos do indivíduo, mais do que os fatores externos, como o caso do condicionamento clássico e operante.

Respostas Emocionais Aprendidas

Nossas respostas emocionais podem parecer naturais e inatas, porém são aprendidas.

O pesquisador Watson condicionou uma resposta de medo ao pequeno Albert. Watson colocou uma gaiola com um rato branco próximo a Albert, que no primeiro contato não demonstrou medo, demonstrou curiosidade e certa alegria. A gaiola foi encoberta por um pano, e cada vez que a gaiola era descoberta o assistente de Watson martelava contra uma barra de ferro, fazendo o pequeno Albert chorar. Depois de repetir algumas vezes a cena, o assistente parou de fazer o ruído ao se retirar o pano, agora Albert se assustava sem o ruído e também chorava, mostrando que o medo pode ser aprendido por condicionamento clássico. Albert agora mostrava medo não apenas a retirada do pano da gaiola, mas a uma série de estímulos, ratos brancos, coelhos brancos e até a bolas de algodão brancas. Isso se chama generalização do estímulo.

Aplicando a situações terapêuticas, muitos distúrbios comportamentais estão associados a medos aprendidos.

Outro caso foi o de Sara, que na infância sofreu abuso físico e emocional do pai alcoólatra. Quando adulta, não conseguia manter relacionamentos prolongados especialmente com homens. A violência física e emocional são o US, a dor é o UR, a presença do pai é o CS e o medo da proximidade com o pai é o CR. Neste caso, ela prendeu a temer a proximidade não apenas do pai, e sim com qualquer outra pessoa através da generalização de estímulos. O medo da intimidade pode não ser somente a violência física e emocional, como também a rejeição, não aceitação desaprovação por exemplo. Em vez disso, ela poderia não generalizar a resposta para todos, poderia se referir somente a homens mais velhos, ou que se parecessem com seu pai entre outros.

Na situação terapêutica essa ocorrência é chamada de transferência. Outro conceito, a contratransferência é um processo semelhante, que o terapeuta começa a experienciar sentimentos que são semelhantes aos relativos a outra pessoa na vida do paciente.

Essa generalização é essencial para o ser humano, se cada situação que vivêssemos fosse única, poderíamos sofrer muito mais por situações já experimentadas.

Condicionamento Verbal: O Resultado De Um Processo

Quando conversamos, reforçamos seletivamente as declarações com as quais concordamos, sendo o reforço as afirmações de concordância, atenção, sorrisos, acenos com a cabeça.

Em terapia, a expressão de preocupação do terapeuta com relação aos sentimentos de depressão e rejeição e baixa auto-estima se torna um reforço a esses sentimentos. Os sentimentos positivos recebem pouca ou nenhuma resposta e tendem a desaparecer do discurso do paciente. É o chamado princípio da engrenagem rangedora: a parte que faz mais barulho (comportamento negativo) recebe mais graxa (atenção e reforço). O terapeuta precisa prestar atenção nas declarações que precisam ser reforçadas e as que não devem ser. A manutenção ou extinção de um comportamento problema pode estar estreitamente relacionada as contingencias de reforços existentes na troca verbal entre o terapeuta e o paciente.

Causação

Todos os terapeutas procuram a causa do comportamento. O que diferencia as várias escolas terapêuticas é definir no que consiste a causa e como ela afeta o comportamento em questão.

O comportamento é multicausal, nenhum fator isolado pode ser responsabilizado pela causa do comportamento, e sim uma série de fatores. Existem três tipos de causas, as predisponentes, precipitantes e perpetuadoras (três P's) que ocorrem antes do comportamento. As predisponentes são antecedentes históricos do comportamento, podem incluir a herança genética, doenças físicas, histórico de reforço, experiência de vida, variáveis ambientais e respostas aprendidas. A causa precipitante é o gatilho que dispara o comportamento, geralmente erroneamente apontada como a causa isolada. A causa perpetuadora mantem o comportamento.

A maioria das formas tradicionais de terapia procuram intervir na causa predisponente. Nesta abordagens, o terapeuta emprega a técnica do descondicionamento para que o CS evoque uma resposta de relaxamento em vez de ansiedade.

A causa precipitante pode ser manejada, por exemplo, o aluno que experimenta um tremendo estresse na época de provas pode desenvolver hábitos de estudos mais efetivos durante o ano e assim sentir-se mais confiante no dia da prova.

Já a causa perpetuadora precisa de uma avaliação do reforço que mantem o comportamento, sendo que sua retirada reduz o comportamento até a sua extinção.

Entrevista e Avaliação

A avaliação behaviorista enfatiza a especificidade da resposta, considerando o comportamento-problema detalhadamente, em vez de tentar pintar um quadro do paciente com um largo pincel. O objetivo inicial é reunir informações relevantes e decidir que variáveis poderão ser trabalhadas em terapia. As abordagens tradicionais orientam a entrevista para o paciente individual, ao passo que a behaviorista inclui muitas pessoas significativas, de modo a esclarecer hipóteses que possam contribuir para o comportamento.

Lineham (1977) definiu cinco itens básicos numa entrevista comportamental: (1) identificação do comportamento-problema, (2) determinação da variáveis relacionadas a cadeia causal de acontecimentos, (3)identificação das características do paciente que podem interferir no comportamento, (4) avaliação das variáveis ambientais que podem interferir no comportamento e por fim (5) escolher a técnica de intervenção

Conteúdo Da Entrevista Comportamental

Existem muitos modelos propostos, destacam-se o de Kanfer e Saslow que sugere avaliação do padrão de comportamento passado, presente e das variações ambientais. Wolpe recomenda a obtenção de muitas informações sobre passado e presente nas áreas da história familiar pregressa, educação, história profissional, história sexual e relacionamento com outras pessoas.

Estrutura Da Entrevista

A primeira etapa consiste em definir o problema atual do paciente, traduzir as queixas em termos de comportamento, a segunda em obter informações que possam estar relacionadas com o problema segundo modelos citados acima. A terceira é obter informações mais precisas das áreas consideradas relevantes ao comportamento-problema. A quarta etapa estabelece a hipótese de trabalho, considerando as três variáveis citadas (predisposição, precipitação e perpetuação), para compreensão da origem e manutenção do comportamento através dos processos de condicionamento e modelagem. A quinta etapa é o teste da hipótese formulada pelo terapeuta, com a elaboração de perguntas detalhadas. O uso de dramatização e técnicas de exposição imaginativa para avaliar crenças e reatividade emocional. A sexta e ultima etapa é a abordagem do tratamento.

A entrevista comportamental é baseada no entendimento de comportamentos aprendidos através do condicionamento e modelagem. A determinação das causas predisponentes, precipitantes e perpetuantes são necessárias para entender a abordagem a ser feita. 

Referências Bibliográficas

CRAIG, Robert J.  Trad. Maria Ariana Veríssimo Veronese.  Entrevista clínica e diagnóstica. Capítulo 5. Porto Alegre : Artes Médicas, 1991.  442p

Mazzuco R.D. Anotação da aula da Disciplina de Psicologia Médica. UNIVILLE. 05/03/2013

PERVIN, Lawrence; JOHN, Oliver P. Personalidade : teoria e pesquisa.   8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 492 p.

TOURINHO, Emmanuel Zagury. Notas sobre o Behaviorismo de ontem e de hoje.Psicol. Reflex. Crit.,  Porto Alegre,  v. 24,  n. 1,   2011 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722011000100022&lng=en&nrm=iso>. access on  01  Apr.  2013.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722011000100022.

Links externos[]

Pavlov game:http://www.nobelprize.org/educational/medicine/pavlov/

http://www.bfskinner.org/bfskinner/Home.html

http://www.periodicos.ufpa.br/index.php/rebac

http://centrointegradodeensinoavancadoebpc.wordpress.com/2013/04/07/resumo-do-livro-ciencia-e-comportamento-humano-de-f-skinner/



Vídeos[]

John Watson - Teoria do Behaviorismo

http://www.youtube.com/watch?v=vMVaxktVJz4

Skinner fala sobre a Maquina de Ensinar

http://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20

Condicionamento Operante Skinner

https://www.youtube.com/watch?v=81bZSMymRD0

Cão de Pavlov

https://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U

Behaviorismo - Reforço e Punição

https://www.youtube.com/watch?v=C1i0Os8WEG4

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