Editora: Beatriz Cernescu
Colaboradoras: Ana Carolina Simoneti, Ana Laura Milhazes, Gabrielly de Araujo e Sophia Brabosa
INTRODUÇÃO[]
FAN é um exame laboratorial para a pesquisa de anticorpos antinucleares no sangue.
A pesquisa do fator antinuclear (FAN) é elemento indispensável em caso de suspeita clínica de doenças auto-imunes, em especial do grupo das colagenoses/patologias de caráter reumático, que são:
- Lupus Eritematoso
- Artrite Reumatoide
- Esclerodermia
- Dermatomiosite
- Síndrome de Sjogren
- Síndrome Mista e de Sobreposição
Um FAN positivo não significa necessariamente a presença de colagenose. Pode significar uma característica familiar, com probabilidade ou não de o portador vir a desenvolver determinada colagenose frente a estímulos
variados ao longo dos anos, até a real presença de doença auto-imune ou mesmo seu prognóstico. É possível ainda que haja ocorrência de FAN positivo em parcela da população normal (ainda não se sabe o porquê, mas é conhecida sua positividade em títulos de diluição menores que 1/160 na população sadia, principalmente acima dos 60 anos; não tendo nenhum significado patológico, ocorrendo independente da raça), e também na presença de algumas doenças crônicas, como cirrose biliar, por exemplo, e em infecções virais agudas.
Toda essa variabilidade em sua interpretação deve-se a especificidade variável decorrente da multiplicidade de elementos intranucleares, nucleolares e intracitoplasmáticos, potencialmente capazes de se comportar como antígenos frente a condições diversas, e nem sempre essa antigenicidade se traduz em doença. Assim, o conceito de que FAN positivo é sinônimo de colagenose deve ser avaliado com mais rigor, e sempre correlacionando-o com a clínica, além dos antecedentes familiares.
FISIOPATOGENIA []
O evento inicial para análise é a apoptose celular. Essa morte programada ocorre principalmente em queratinócitos, células circulantes e endoteliais.
Após a apoptose, elementos, tanto do núcleo, quanto do citoplasma celular ficam expostos, e células imunocompetentes iniciam a formação de anticorpos contra determinadas proteínas citoplasmáticas ou nucleares, que passam a receber diversas denominações, dependendo da estrutura reativa antigênica: anticorpos anti- ribonucleoproteínas (RNP), anticorpos contra o DNA, anticorpos contra a histona,... Esse imunecomplexos se depositam em diferentes tecidos e órgãos, desencadeiam a ação do Sistema Complemento e, conseqüentemente, levam a inflamação e disfunção do órgão.
O FAN é marcador de doenças órgão-inespecíficas, sendo que a identificação da patologia depende do padrão apresentado pelo teste (mostrado mais adiante) e, principalmente, pela clínica do paciente.
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
Essa pesquisa laboratorial é realizada através da técnica de imunofluorescência indireta. Os substratos utilizados são células humanas de tumor de laringe (HEP II), pois têm um núcleo grande e seus componentes estão facilmente expostos, além de serem resistentes ao cultivo in vitro, e terem alta sensibilidade, com baixíssima propensão a falsos-negativos.
Os anticorpos pesquisados são da classe IgG (principal), IgM e IgA.
As células HEP II são cultivadas sobre laminas de vidros. Para fixá-las nessas laminas, usa-se etanol gelado que, além de permitir uma maior fixação, aumenta a permeabilidade da membrana, favorecendo a penetração de auto-anticorpos na mesma.
Uma mesma lâmina é dividida em vários “círculos”, sobre os quais encontram-se as células HEP II, e sobre estas serão colocados soros de vários pacientes para análise. Inicialmente, esse soro encontra-se diluído na proporção de 1:40 (abaixo desse título, daria positivo para todos, pois mesmo indivíduos saudáveis possuem auto anticorpos em seus organismos). Faz-se uma triagem inicial (cerca de 30 minutos) para identificar em quais soros houve a formação de um imunecomplexo. Após essa identificação, deve-se lavar a lâmina para retirar aquilo que não foi fixado. Aí então, para analisar esse imunecomplexo formado, adiciona-se uma anti-IgG que está marcada em sua porção Fc pela fuoresceína. A fluoresceína, quando obversada ao microscópido, fica excitada e emite fótons de luz, apresentando uma coloração verde-maçã. A partir desses fótons é possível a identificação do padrão do FAN e, em associação com a clínica do paciente, fecha-se o diagnóstico.
PADRÕES NUCLEARES E CITOPLASMÁTICOS[]
- Nuclear homogêneo: não é possível distinguir a área de nucléolo. (“a célula é toda pintada de maneira uniforme”). Os auto-anticorpos são de dois tipos principais: anticorpo anti-DNA e anticorpo anti-histona. Principais hipóteses clínicas: - anticorpo anti-DNA: Lúpus Eritematoso Sistêmico
- anticorpo anti-histona: Lúpus Eritematoso Sistêmico induzido por fármacos. (ex: carbamazepina, hidralazina,..)
Principais hipóteses clínicas:
- anticorpo anti-Sm: Lúpus Eritematoso Sistêmico
- anticorpo anti-RNP: Doença Mista do Tecido Conjuntivo
Obs: se há aparecimento equivalente dos dois tipos de anticorpos, em cerca de 35% dos casos tem-se Lúpus Eritematoso Sistêmico.
Nuclear pontilhado fino: nucleoplasma com granulação fina. Auto-anticorpos: anticorpo anti SSA/Ro e anticorpo anti SSB/La. Principais hipóteses clínicas: anticorpo anti-SSA/Ro: Síndrome de Sjogren Primária
anticorpo anti-SSB/La: Síndrome de Sjogren Primária
Auto-anticorpos: anticorpo anti-centrômero (proteínas A, B e C)
Principal hipótese clínica: Síndrome de Crest – forma branda da Esclerose Sistêmica Progressiva.
Auto-anticorpos: anticorpo contra núcleo de células em proliferação.
Principal hipótese clínica: Lúpus Eritematoso Sistêmico
CONCLUSÃO[]
REFERENCIAS
LINKS EXTERNOS
1. http://www.hemagen.com.br/imuno_humana.php
2. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042007000100003&lang=pt
3. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042009000200002&lang=pt